Doctv Bahia


Publicado no Jornal A Tarde, no dia 18/04/2006
* Orlando Senna
O programa de produção e teledifusão de documentários DocTV, já em seu terceiro ano, é uma política associativa, uma engenharia de ação pública-privada que se move em rede, possibilitada pela associação entre o governo federal e os 27 governos Estaduais. Implica, em cada Estado, a associação entre TV pública e produção independente,representada pelas associações estaduais de documentaristas.Na Bahia, a parceria está estabelecida entre a Secretaria do Audiovisual/MinC (aportando 80% dos custos), o Instituto de Radiodifusão Educativa da Bahia (aportando 20% e janelas de exibição) e a AssociaçãoBaiana de Cinema e Vídeo (irradiando o programa no setor privado). Essaparceria permitiu e permite a produção de dois documentários por ano, ou seja, seis documentários até o momento. O programa se propunha, e está conseguindo, à regionalização da produção de documentários, firmando-se como um dos instrumentos mais fortes na política geral de regionalização do MinC. Também se propunha, e está materializando, a articulação de um circuito nacional de teledifusão.O êxito do programa no Brasil tornou-o referência de política pública nos países ibero-americanos (que montaram o DocTV Ibero América, ora em realização em 15 países) e nos países que pleiteiam a implantação de um DocTV América Central e de um DocTV da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa. Um dos aspectos mais fortes do programa é o seu caráter multiplicador. Desde a sua segunda edição, alguns Estados decidiram realizar, por conta própria, mais documentários do que o previsto no acordo geral, na Carteira Nacional.Os documentários dessas Carteiras Regionais são absorvidos pela rede de difusão. Estava previsto que, em dezembro de 2006, o número de documentários produzidos em três anos seria de 96, mas a quantidade será bem maior graças às iniciativas de Alagoas, Brasília, Goiás, Minas Gerais, Piauí e São Paulo, que produziram 20 títulos por conta própria.Neste momento está sendo negociada a viabilização de mais 31 títulos no Pará, Tocantins e Rio de Janeiro e em um novo esquema de produção regional em que vários Estados se juntam com o mesmo objetivo, estando em formatação os DocTVs Norte, Nordeste, Vitória-Minas e Sul.O número previsto de 96 documentários já saltou para 116 e poderá chegar, em dezembro, a 147. A essas Carteiras Regionais, nascidas da decisão e do empenho de alguns Estados, eu me referi em entrevista publicada em A TARDE em 21/3/2006 (Por uma política cultural baiana), com o intuito de estimular as instituições públicas e o setor privado baianos a se somarem a esse movimento. Esse impulso, o de chamar a atenção da Bahia para essa possibilidade, foi motivado pela tradição e pelas evidentes potencialidades de produção e criação audiovisuais que o Estado vem apresentando nos últimos três anos. Para o DocTV 2006, por exemplo, a Bahia está apresentando o número recorde de 49 projetos, indicativo de que há uma demanda crescente a ser atendida.Por isso, volto a insistir na sugestão de um DocTV Regional da Bahia, esperando contar com a bênção de Oxumaré, orixá da beleza, das artes, do cinema e da televisão. * Cineasta, secretário Nacional do Audiovisual